02 dezembro, 2005

Sociedade Por Detrás das mascaras

Morrem entre as esquinas da morte e da vida, vivem numa rua de indiferença e queimam os seus corpos numa seringa.
Por entre ruas procuram pessoas e vendem a única coisa que resta deles, os seus corpos; são os seus empregos, que matam a satisfação de quem procura por umas horas, e paga com notas sujas. Esse dinheiro que ganham serve apenas para comprar o passaporte para uma vida de alucinações mórbidas. Comem um prato de comer nenhum e pedem na rua uma esmola de ninguém. Tudo à sua volta está surdo e cego, mesmo eles, e agora não se importam de onde vivem, o que vestem...Apenas que têm de comer heroína, matar a fome de ressaca e fazerem dela a maior amante de cada um.
Cai chuva nos seus ombros e não sentem. Abrigam-se debaixo de uma ponte ou de uma barraca feita de madeira senil, dormem e sonham, sonham com o seu próximo encontro com a amante que os leva para o caminho da eterna magia.
Enquanto sonham, esquecem de como se vão encontrar com ela, e quando acordam voltam para as ruas, onde ninguém é de ninguém, e onde um alguém compra uns minutos de paixão fingida e desgraçada!
Mancham o rosto com um manto negro de constante saudade e sofrimento, que já não sentem por que estão com ela. Mas quando acabarem procuram de novo aquelas mesmas pessoas iguais a eles que esquecem que esses empregados de minutos são humanos, sentem e choram por uma vida que já não vale a pena.
Gastam tanto como se tivessem ganho o totoloto todos os meses, e têm tanto como os loucos* de Lisboa que vivem debaixo dos olhares de todas as pessoas que não os vêem.
Os seus destinos estão marcados desde o momento que entram no barco da tristeza, do amor odiado e da riqueza mais pobre do planeta. Sair é difícil, mas morrer é uma facilidade à qual não notam.
Se desistirem de viver para morrer por ela e saem da rua da tempestade para a rua do sol chuvoso. O que lhes resta? Morrer ou Sofrer.

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