07 dezembro, 2005

Olhar Co Rente

Imagem de: Sérgio Rodrigo

Corre multidão feliz! Olha apenas para o seu pé, um de cada vez. Embora a multidão seja pouco atenta, todos nós temos alguém ou alguns que nos recolhem em momentos de sussurros, naqueles momentos em que se acolhe os segredos. A esses abrimos a alma e confiamos a profundeza do que nos faz. Acolhe-se a ternura…

A noite cai, o sol toma como despedida por mais um dia. Eu regresso ao leito dos segredos, a multidão desapareceu. O olhar despertou na escuridão que se instalou. Relembro os momentos que já vivi, os abraços que recebi, as entranhas dos dois seres de antigamente. Os erros que cometi, dos medos, das inseguranças. Provavelmente o maior foi deixar que entrasses no meu mundo, que te colocasses na minha vida como se fosses uma peça indispensável para sobreviver.

Agora tenho medo de entrar no quarto escuro, de voltar a colocar a minha cabeça na almofada dos segredos e te encontrar a dormir tranquilamente, como um anjo que não me guarda. Agora tenho medo de voltar a fechar os olhos e encontrar-te a sorrir para mim, a olhar-me com ternura que me suga a paz. Agora tenho medo de me cobrir com os lençóis que já envolveu os nossos corpos um dia, e encontrar o desejo das tuas mãos a envolver-me com carinho que me espremeu o suco da felicidade.

Quero os dias quentes e com muita luz, dispenso a razão…

1 comentário:

Ricardo Cardoso - Psicólogo disse...

o segredo está no tempo que se guarda o abraço quente entre o nosso olhar...

gostei barbara...