Corro por corredores ténues,
Escuros, húmidos.
Com cheiro a saudade,
Desenhados com pinceladas de solidão.
Acolhe-me em almofadas de cetim,
Reconforta-me em penas brancas,
Enfeita-me com beijos.
Diz apenas que me amas
E morrerei feliz…
13 dezembro, 2005
Enfeita-me com Penas
No Banho
Aconchego-me na toalha que vai humedecendo à medida que desenrola sobre o corpo, olho-me ao espelho no canto que não está embaciado e sorrio. Apenas me vejo a mim.
08 dezembro, 2005
Beijo
Come cada partícula minha,
Mata a fome com a alma,
Come-me os lábios com os teus.
Simplesmente… Beija-me!
Amar ... Perder
Com os teus braços a envolverem o meu ser,
A sustentarem os meus medos,
Com os teus lábios a suspirarem sopros de ternura.
Mas a Terra girou,
E com ela a vida…
A sorte levou-me o teu olhar, o teu sorriso,
Levou-me a sustentação, a força que me garantia.
O tempo passa,
Fiquei parada, estagnada, esperando um abraço teu.
Gritei para dentro de mim,
Chamei-te mas tu não me ouviste.
07 dezembro, 2005
Sorriso de Outono
Queria encostar-me e apertar-te, até sentir o cheiro da tua alma, até que as partículas de nós se misturem.
Queria apenas beber a essência que compõe a vida e sorrir em tons de Outono.
Olhar Co Rente
Corre multidão feliz! Olha apenas para o seu pé, um de cada vez. Embora a multidão seja pouco atenta, todos nós temos alguém ou alguns que nos recolhem em momentos de sussurros, naqueles momentos em que se acolhe os segredos. A esses abrimos a alma e confiamos a profundeza do que nos faz. Acolhe-se a ternura…
A noite cai, o sol toma como despedida por mais um dia. Eu regresso ao leito dos segredos, a multidão desapareceu. O olhar despertou na escuridão que se instalou. Relembro os momentos que já vivi, os abraços que recebi, as entranhas dos dois seres de antigamente. Os erros que cometi, dos medos, das inseguranças. Provavelmente o maior foi deixar que entrasses no meu mundo, que te colocasses na minha vida como se fosses uma peça indispensável para sobreviver.
Agora tenho medo de entrar no quarto escuro, de voltar a colocar a minha cabeça na almofada dos segredos e te encontrar a dormir tranquilamente, como um anjo que não me guarda. Agora tenho medo de voltar a fechar os olhos e encontrar-te a sorrir para mim, a olhar-me com ternura que me suga a paz. Agora tenho medo de me cobrir com os lençóis que já envolveu os nossos corpos um dia, e encontrar o desejo das tuas mãos a envolver-me com carinho que me espremeu o suco da felicidade.
Quero os dias quentes e com muita luz, dispenso a razão…
04 dezembro, 2005
A Vida
Guardamos recordações doces, outras amargas, revoltamo-nos… Buscamos força, libertamos raiva. Rasgamos páginas que queremos esquecer, reciclamos emoções…
Acordamos para nós próprios, conhecemo-nos em cada linha que se relê. Acreditamos e deprimimo-nos. Acabamos frases, começamos parágrafos. Juntamos mais volumes numa infinidade deles. Completamos a nossa enciclopédia pessoal quando as rugas abundam num rosto já cansado, aconchegada de uma mão trémula de um destino pesado…
Morte Poetica
Cada teatro guarda um palco,
Cada tábua uma lembrança,
Cada prego uma lágrima,
Cada passo uma passagem…
Um amor, uma peça
Que guarda sorrisos.
Cada Odor, uma presença
Cada partícula uma gente.
Cada teatro guarda…uma vida.
Cada poeta, uma palavra,
Um batimento de coração rebelde,
Cada verso, um olhar,
Cada poema, um remorso.
Quando o escuro da solidão acorda,
E mata os neurónios sedentos de cor,
As folhas ficam em tons de branco,
A caneta perde a tinta,
O desgosto do poeta que habita em mim
Transforma-se…
03 dezembro, 2005
Caixa de Segredos
Outras vezes tenho vontade de te mostrar ao mundo que és meu e ver todos a encolherem-se de inveja.
Depois já tenho vontade de te acariciar, de te aninhar nos meus braços e conservar-nos assim para sempre. Mas depois volta aquela tela que renasce de uma assustadora realidade e nos impede de o fazer!
Quando termino de sonhar, guardo-te numa mente, naquela memória dourada onde nada é esquecido, onde só os maiores tesouros são escondidos.
Em nome de uma Rosa

Cada rosa,
Nasce, floresce, encanta.
Cada rosa,
Renasce em cada pétala que cai.
Esta rosa,
Murchou…
Foram caindo as pétalas cor de sangue,
Ao sabor da brisa.
Foram ficando fracas,
Cada folha, cada ramo.
Em vez de verde agora,
A sua pele tinha ficado escura.
A sombra caiu sobre ela,
Levou-lhe a alma, a beleza…
A vida ficou-lhe breve…
Cada rosa do jardim
Deixou cair uma pétala
Em memória…
Cada rosa do jardim
Deixou renascer um botão
Em memória…
Cada rosa do jardim,
Relembrando mais um pouco,
Relembrando a vida.
Certamente a homenagem,
Aquela homenagem
Que a vida nos pede, é
Apenas viver.
Ficaram as lágrimas,
As nuvens de saudade,
A felicidade pela presença
Os ensinamentos,
Ficou a memória…
Com um sorriso, porque
Existiu uma rosa no meu jardim.
Anjo
Acordei com a cor da luz,
Despertei em forma de criança.
Sentei-me e saciei um estômago
Já cansado de fome.
Vivi o dia em partículas,
Desenhei-as na noite, em papel reciclado.
Reciclei emoções…
Deitei-me com o sono a embalar-me…
Pensei…
“O meu anjo sorriu para mim.”
Canetas sem tinta
Hoje imaginei que me escrevias. Imaginei a tua mão apertando a caneta, acariciando o papel. A tinta esboçando as palavras com lentidão, com apreensão, com exactidão. E os teus olhos…estavam a brilhar! Os teus lábios sorriam nervosamente…Cuidadosamente abri um pouco da janela e deixei o vento entrar timidamente. Como eu queria ter-te aqui, fixo no meu corpo, enroscando as tuas mãos nas minhas costas deixando os teus dedos descaírem sobre a minha pele. O sentimento é uma rotina tão desconhecida que se torna tenebrosa, não achas? Quando é que chegas? Quando é que posso tocar-te de novo? Tenho saudades tuas, de sentir o teu perfume… O céu fechou, agora é noite e eu estou no meu quarto e penso como seria a minha vida sem ti. Cada molécula minha fica tua quando me abraço a ti, fecho os olhos e penso apenas no momento e o mundo desaparece, deixa de existir simplesmente. Quero estar contigo, enrolar-me nos teus braços e aninhar-me nas tuas palavras doces.
02 dezembro, 2005
Na luz da Vela

Continuei absorta e sem saber bem como, afundei-me na recordação da tua loucura incomparável, que mata o meu coração de diabetes e derrete em caramelo o meu orgulho.
Olho para nos os dois, para o que já vivemos juntos, e o que aconteceu…era suposto que fosse assim, como se alguém planeasse cada segundo que nós vamos viver.
Imagino-te e lembro-me de cor cada uma das tuas expressões, os significados dos silêncios, dos gestos, dos sorrisos, a tua pele e cada partícula de ti. E principalmente sei de cor cada momento que vivemos juntos e se quisesse dizer que te “amo” tinha primeiro que dizer “obrigado”.
Os teus abraços envolveram-me na doença, na tristeza, apoiaram-me incondicionalmente nos momentos em que precisava de acreditar em mim e fizeram-me acreditar que era capaz. Hoje se tiver de dizer alguma coisa, dir-te-ei baixinho ao ouvido quando tiveres a dormir. Se um dia deixarmos de ser apenas um, se um dia te vir do outro lado da rua e fingir que não te vejo, não te esqueças nunca que levaste contigo metade de mim e que eu roubei metade de ti. Fizeste-me acreditar que afinal amar é bom, e posso faze-lo sem medo. Estou mais apaixonada cada vez que te conheço melhor, e quero sempre mais, mais de ti. Quero-te comigo sempre e fazer tudo, e partilhar tudo da minha vida contigo. Escolhi-te para desenhar o meu destino com as tuas mãos num papel que tenhas perdido na secretária mas que seja teu. A minha alma arde através dos teus lábios e do teu coração e desagua num amor que me consome.
Vejo-te daqui a uns dias…até lá, doce amor, um milhão de beijos.
P.S.: Vou adormecer cheia de pensamentos por ti.
Quero...

Sabe bem o tempo para ter saudade. Sabe bem lutar quando se perdeu a verdade. Sabe bem a ausência para valorizar o sorriso. Sabe bem a presença e agradecer a existência. Cultivar cumplicidades, resistir, proteger amizades. Guardar segredos…
Em cores, em forma de poesia, salpicados com baunilha, tornando-os muito pessoais e codificados. Guardar segredos…
Em forma de amizade, em forma de diamante, em fim…em forma de vida. Porque o que é fácil torna-se especial!
Sociedade Por Detrás das mascaras

Por entre ruas procuram pessoas e vendem a única coisa que resta deles, os seus corpos; são os seus empregos, que matam a satisfação de quem procura por umas horas, e paga com notas sujas. Esse dinheiro que ganham serve apenas para comprar o passaporte para uma vida de alucinações mórbidas. Comem um prato de comer nenhum e pedem na rua uma esmola de ninguém. Tudo à sua volta está surdo e cego, mesmo eles, e agora não se importam de onde vivem, o que vestem...Apenas que têm de comer heroína, matar a fome de ressaca e fazerem dela a maior amante de cada um.
Cai chuva nos seus ombros e não sentem. Abrigam-se debaixo de uma ponte ou de uma barraca feita de madeira senil, dormem e sonham, sonham com o seu próximo encontro com a amante que os leva para o caminho da eterna magia.
Enquanto sonham, esquecem de como se vão encontrar com ela, e quando acordam voltam para as ruas, onde ninguém é de ninguém, e onde um alguém compra uns minutos de paixão fingida e desgraçada!
Mancham o rosto com um manto negro de constante saudade e sofrimento, que já não sentem por que estão com ela. Mas quando acabarem procuram de novo aquelas mesmas pessoas iguais a eles que esquecem que esses empregados de minutos são humanos, sentem e choram por uma vida que já não vale a pena.
Gastam tanto como se tivessem ganho o totoloto todos os meses, e têm tanto como os loucos* de Lisboa que vivem debaixo dos olhares de todas as pessoas que não os vêem.
Os seus destinos estão marcados desde o momento que entram no barco da tristeza, do amor odiado e da riqueza mais pobre do planeta. Sair é difícil, mas morrer é uma facilidade à qual não notam.
Se desistirem de viver para morrer por ela e saem da rua da tempestade para a rua do sol chuvoso. O que lhes resta? Morrer ou Sofrer.
A Palavra MULHER
